Sigil

Existe uma local em Sigil conhecido como Elisum. É uma extensa savana coberta por uma relva azulada onde crescem as árvores da sabedoria. Desde tempos imemoriais os aprendizes dos gigantes reunem-se ali, à sombra destas árvores, para ouvir os ensinamentos de seus mestres.
Certa vez um grupo de neófitos encontrava-se em uma expectativa sem precedentes. Foi-lhes confiado no dia anterior que iriam ouvir Gala, a deusa dos acordes, que lutou ao lado do Gigante dos Gigantes na Batalha do Horizonte. Ouviam sobre a deusa desde seus primeiros sonhos, antes mesmo de serem levados a Sigil ou serem iniciados nos ensinamentos do Livro do Todo.
Como de costume a árvore sob a qual todos se sentaram foi a Trina, a mais alta e antiga de todas. Tão alta e com a copa tão extensa que por vezes parecia sustentar as savanas de Sigil, e não o contrário. Nas lições de vôo era a única que nenhum atrevia-se a seguir até o cume. Diziam que lá no alto, na ponta de seu último galho, no extremo de suas últimas folhas, fora dos limites seguros de Sigil, repousava A Rosa. E quem conseguisse tê-la em suas mãos jamais sentiria medo novamente.
Finalmente o momento pelo qual todos aguardavam havia chegado. Gala acabara de adentrar Sigil, anunciaram os monitores aos neófitos. Na verdade a deusa dos acordes já estava entre eles, e isso eles sentiram antes mesmo de poderem vê-la pousando no centro do círculo perfeito que formavam. No príncípio a única coisa que conseguiam distinguir em meio a ofuscante luz que emanava dela era a enorme envergadura de suas asas. Ao pousar o brilho diminuiu e puderam contemplá-la plenamente. Niguém respirava. Então ela sorriu e todos recobraram o folego.
Todos haviam aprendido que a visão de um dos gigantes não podia ser descrita pelo verbo. E naquele momento todos entenderam o porquê. Assim começava o ensinamento.

Crônicas Sobre Lugar Algum, por Leandro Substance.
Livro I, Capítulo X – Sigil