Propaganda é o máximo, dança conforme a música, pode vender a Madre Tereza ou o nazismo. Não é alguém, é algo, e como tal é desprovida de moral. Quem faz da propaganda um luxo ou um lixo é quem faz propaganda. O exemplo a seguir eu cito todo semestre em sala de aula como um exemplo de trabalho de mestre, semioticamente perfeito. O ano é 1985, Rock in Rio I fazendo história, e a cerveja patrocinadora oficial era a (extinta) Malt90. Agora eu pergunto: como uma campanha de cerveja consegue um “recall federal” com um comercial de TV sem mulheres douradas seminuas, sem praia, sem mar, sem buteco, sem corpos sarados e festança a dar com o pau? Ou melhor, sem a repetitiva e insonsa receita de bolo pra comerciais de “louras geladas”? Simples: criatividade, respeito a inteligência do consumidor e semiótica. Pensa comigo, se fosse pra fazer uma analogia entre uma semana estressante de trabalho e a necessidade de uma cerveja galada no happy hour qual seria? Faz o seguinte, assista ao comercial e identifique nele 5 coisas: seu ambiente de trabalho (estressante e cansativo), seu patrão (linha dura implacável), seus companheiros de labuta (mecanicamente treinados em repetir movimentos), o colega bem-humorado (o salva pátria da empresa) e o seu momento mágico (a happy hour). Conseguiu? Parabéns, você é normal e o comercial da Malt90 te mostrou direitinho como uma cerveja gelada faz bem! Propaganda é o bicho!
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Originalmente postado no saudoso Obscure Ideas.