Trampo no tampo

Passeando por entre as carteiras da faculdade, antes da “alunaiada” chegar pra assistir a aula, vejo que os tampos servem para uma infinidade de coisas além da tarefa básica de apoiar o caderno. Desde a cola descarada até as declarações de amor. Há os que escrevem o próprio nome obsessivamente, os que literalmente entalham a madeira com estilete ou aqueles que simplesmente enchem aquilo com tantos rabiscos quanto a carga da caneta permitir. No meio dessa fuzarca toda minha predileção é pelos desenhos. Olho pra eles com saudosismo e lembro de fazer a mesma coisa no meu não tão distante tempo de aluno. Por vezes não resisto e arrisco um lápis ou mesmo o marcador na mesa do professor (que é minha!). É algo bem diferente de depredação; é um escape, uma janela, um caminho para se expressar, e sou a favor de qualquer forma de expressão que não invada, destrua ou desrespeite. Logo, logo o paninho com detergente do pessoal da limpeza já deu conta e tudo volta a ficar limpo, pronto para a próxima. Sei que muitos irão enxergar minha postura em tom de desaprovação, mas acreditem, se todos os tampos das carteiras da faculdade estivessem recheados de desenhos, poesias, crônicas, charges, máximas, tirinhas e caricaturas o encontro dos professores com a mediocridade seria bem menor. A criatividade é o elemento mais flexível da natureza humana e tudo o que um professor deseja de um aluno é a capacidade de se tornar flexível, de ter a mente aberta.

Meu celular vem registrando esses desenhos e selecionei alguns que desconfio pertencerem ao mesmo dono, alguém que acharia bem divertido visitar alguma edição do Bistecão Ilustrado. Só está precisando assinar as “obras” pra que eu dê os devidos créditos.

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Suspeitas confirmadas, a trampo é do talentoso Rodrigo Lara. Autoria assumida via Twitter.